Alquimia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Alquimia é uma tradição antiga que combina elementos de Química, Física, Astrologia, Arte, Filosofia, Metalurgia, Medicina, Misticismo, Geometria e Religião. Existem três objetivos principais na sua prática. Um deles é a transmutação dos metais inferiores ao ouro, o outro a obtenção do Elixir da Longa Vida, um remédio que curaria todas as doenças e daria vida longa àqueles que o ingerissem. Ambos os objetivos poderiam ser atingidos ao obter a pedra filosofal, uma substância mística. Finalmente, o terceiro objetivo era criar vida humana artificial, os homunculus. É reconhecido que, apesar de não ter caráter científico, a alquimia foi uma fase importante na qual se desenvolveram muitos dos procedimentos e conhecimentos que mais tarde foram utilizados pela química. A alquimia foi praticada na Mesopotâmia, Egito Antigo, mundo islâmico, Pérsia, Índia, Japão, Coreia, China, Grécia Clássica, Roma e Europa.Alguns estudiosos da alquimia admitem que o Elixir da longa vida e a pedra filosofal são temas simbólicos, que provêm de práticas de purificação espiritual, e dessa forma, não poderiam ser considerados substâncias reais. O próprio alquimista Nicolas Flamel, em seu "O Livro das Figuras Hieroglíficas", deixa claro que os termos "chumbo" e "ouro" são metafóricos, e que as metáforas serviriam para confundir leitores indignos. Há pesquisadores que identificam o elixir da longa vida como um líquido produzido pelo próprio corpo humano, que teria a propriedade de prolongar indefinidamente a vida daqueles que conseguissem realizar a chamada "Grande Obra", tornando-se assim verdadeiros alquimistas. Existem referências dessa substância desconhecida também na tradição da Ioga
|
Introdução
Embora alguns, influenciados pelo conhecimento científico moderno, atribuam à alquimia um caráter de "proto-ciência", devemos nos lembrar que ela possui mais atributos ligados à religião do que à ciência. Assim, ao contrário da ciência moderna que busca descobrir o novo, a alquimia preocupava-se com os segredos do passado, e em preservar um suposto conhecimento antigo.Parte desta confusão de tratar a alquimia como proto-ciência é conseqüência da importância que, nos dias de hoje, se dá à alquimia física (que manipulava substâncias químicas para obter novas substâncias), particularmente como precursora da química.
Esse trabalho irá falar do trabalho alquímico relacionado com os metais, que era apenas uma metáfora para um trabalho espiritual. Torna-se mais clara a razão para ocultar toda e qualquer conotação espiritual deste trabalho, na forma de manipulação de "metais", se nos lembrarmos que na Idade Média havia a possibilidade de ser acusado de heresia, acabando por ser perseguido pela Inquisição da Igreja Católica.
Como ciência oculta, a alquimia reveste-se de um aspecto desconhecido, oculto e místico. Muitos dos textos alquímicos, rebuscados e contraditórios, devem ser entendidos sob esta perspectiva, mais interessados em esconder do que em revelar.
A própria transmutação dos metais é um exemplo deste aspecto místico da alquimia. Para o alquimista, o universo todo tendia a um estado de perfeição. Como, tradicionalmente, o ouro era considerado o metal mais nobre, ele representava esta perfeição. Assim, a transmutação dos metais inferiores em ouro representa o desejo do alquimista de auxiliar a natureza em sua obra, levando-a a um estado de maior perfeição. A alquimia vem se desenvolvendo nos tempos modernos. Portanto, a alquimia é uma arte filosófica, que busca ver o universo de uma outra forma, encontrando nele seu aspecto espiritual e superior.
[editar] História
Alguns opinam que a palavra "alquimia" vem da expressão árabe "al Khen" (الكيمياء ou الخيمياء de raiz grega, "alkimya), que significa "o país negro", nome dado ao Egito na antiguidade, e que é uma referência ao hermetismo, com o qual a alquimia tem relação. Outros acham que está relacionado com o vocábulo grego "chyma", que se relaciona com a fundição de metais.Podemos dividir a história da alquimia em dois movimentos independentes: a alquimia chinesa e a alquimia ocidental, esta última desenvolvendo-se ao longo do tempo no Egito (em especial Alexandria), Mesopotâmia, Grécia, Roma, Índia, Mundo Islâmico, e Europa.
A alquimia chinesa estaria associada ao Taoísmo e parece ter evoluído quase ao mesmo tempo que em Alexandria ou na Grécia. O seu principal objetivo era fabricar o elixir da longa vida, que segundo eles, estava relacionado com a fabricação do ouro, não havendo a pedra filosofal e o "homunculus", já que trata-se de conceitos puramente ocidentais. Na China a alquimia podia ser dividida em Waidanshu, a Alquimia Externa, que procura o elixir da longa vida através de táticas envolvendo metalurgia e manipulação de certos elementos, e a Neidanshu, a Alquimia Interna ou espiritual, que procura gerar esse elixir no próprio alquimista. A alquimia chinesa foi perdendo força e acabou desaparecendo com o surgimento do budismo. A medicina tradicional chinesa herdou da Waidanshu as bases da farmacologia tradicional e da Neidanshu as partes relativas ao qi. Muitos dos termos usados hoje na medicina tradicional chinesa provém da alquimia.
A filosofia védica também considera que há um vínculo entre a imortalidade e o ouro. Esta idéia provavelmente foi adquirida dos gregos, quando 'Alexandre o Grande' invadiu a Índia no ano 325 a.C., e teria procurado a fonte da juventude. Também é possível que essa idéia tenha sido passada da Índia para a China ou vice-versa. O Hinduísmo a primeira religião da Índia, tem outras idéias de imortalidade, diferentes do elixir da longa vida.
No Egito Antigo a alquimia era considerada obra do deus Thoth, também conhecido por Hermes Trismegistus, por isto o termo hermetismo está associado à alquimia. Na cidade de Alexandria, no Egito, a alquimia recebeu influência das filosofias gregas de Aristóteles e do neoplatonismo.
Foi graças às campanhas de Alexandre o Grande que a alquimia se disseminou em todo o oriente. E foram os muçulmanos que a levaram novamente para a Europa, em razão da conquista Islâmica da Península Ibérica, particularmente para Al-Andaluz ao redor do ano de 950. Assim, este florescimento da alquimia na península Ibérica durante a Idade Média está relacionado a presença muçulmana na Europa neste período. Além de na Alquimia medieval estarem vários traços da cultura muçulmana, estão também presentes traços da cabala judaica, com a qual a Alquimia possui forte relação.
Durante a Idade Média muitos alquimistas foram julgados pela Inquisição, e condenados à fogueira por alegado pacto com o diabo. Por isto, até os dias de hoje o enxofre, material usado pelos alquimistas, é associado ao demônio. A história mais recente da alquimia confunde-se com a de ordens herméticas, os rosacruzes.
[editar] A pedra filosofal
Os alquimistas tentavam produzir em laboratório a pedra filosofal (ou medicina universal) a partir de matéria-prima mais grosseira. Com esta pedra seria possível obter a transmutação dos metais e o Elixir da Imortalidade, que é capaz de prolongar a vida indefinidamente. O trabalho relacionado com a pedra filosofal era chamado por eles de "A Grande Obra".Alguns consideram que o trabalho de laboratório dos alquimistas medievais com os "metais" era, na verdade, uma metáfora para a verdadeira natureza espiritual da alquimia. Assim, a transformação dos metais em ouro pode ser interpretada como uma transformação de si próprio, de um estado inferior para um estado espiritual superior. Outros consideram que as operações alquímicas e a transmutação do operador ocorrem em paralelo; existem, ainda, outras opiniões.
A pedra filosofal poderia não só efetuar a transmutação, mas também elaborar o Elixir da Longa Vida, uma panacéia universal, que prolongaria a vida indefinidamente. Isto demonstra as preocupações dos alquimistas com a saúde e a medicina. Vários alquimistas são considerados precursores da moderna medicina, e entre eles destaca-se Paracelso.
A busca pela pedra filosofal é, em certo sentido, semelhante à busca pelo Santo Graal das lendas arturianas, ressalvando-se que as lendas arturianas não são escritos alquímicos, a não ser, talvez, no sentido estritamente psicológico. Em seu romance "Parsifal", escrito entre os anos de 1210 e 1220, Wolfram von Eschenbach associa o Santo Graal não a um cálice, mas a uma pedra que teria sido enviada dos céus por seres celestiais e teria poderes inimagináveis. Também na cultura islâmica desempenha papel importante uma pedra, chamada Hajar el Aswad, que é guardada dentro de uma construção chamada de Kaaba, considerada sagrada, tornou-se em objeto de culto em Meca.
[editar] A Interpretação dos Textos Alquímicos
A própria palavra "hermético" sugere a dificuldade dos textos dos autores alquímicos. Esta tem por causas:- os autores se referirem às substâncias e processos por nomes próprios à Alquimia,
- haver vários processos (vias) de operação que não são explicitados,
- a maioria das substâncias serem referidas com perífrases elaboradas,
- a existência de muitas referências mitológicas e cultas,
- o uso de palavras que, lidas em voz alta, produzem uma outra,
- o não apresentar partes de processos, referindo o leitor a outro autor,
- o não apresentar as operações por ordem,
- o enganar propositadamente o leitor.
Qualificações habituais dos autores são o ser "caridoso", se expõe os seus temas correctamente, ou "invejoso" (cioso do seu conhecimento) se engana o leitor. Um autor pode ser caridoso num trecho e invejoso em outro.
O processo alquímico
O processo alquímico é o principal trabalho dos alquimistas (frequentemente chamado de "A Grande Obra"). Trata-se da manipulação dos metais, e da fabricação da pedra filosofal. As matérias-primas do processo alquímico são, entre outras, o orvalho, o sal, o mercúrio e o enxofre. De um modo geral, o processo alquímico é descrito de forma velada usando-se uma complicada simbologia que inclui símbolos astrológicos, animais e figuras enigmáticas.O orvalho é utilizado para umedecer ou banhar a matéria-prima. O sal é o dissolvente universal. Os outros dois elementos, mercúrio e enxofre são as principais matérias-primas da alquimia. O enxofre é o princípio fixo, ativo, masculino, que representa as propriedades de combustão e corrosão dos metais. O mercúrio é o princípio volátil, passivo, feminino, inerte. Ambos, combinados, formam o que os alquimistas descrevem como o "coito do Rei e da Rainha".
O sal, também conhecido por arsénico, é o meio de ligação entre o mercúrio e o enxofre, muitas vezes associado à energia vital, que une corpo e alma.
A linguagem dos textos alquímicos com frequência faz uso de imagens sexuais. E não é muito incomum que a ligação de elementos seja comparada a um "coito". Normalmente este casamento é associado à morte, e é representado, com frequência, ocorrendo dentro de um sarcófago.
Enquanto a união de ambos os elementos é representada por um "casamento" ou "coito", o combate entre o enxofre e o mercúrio, entre o fixo e o volátil, entre o masculino e o feminino é comumente representado pela luta entre o dragão alado e o dragão áptero.
Também é muito frequente o uso de símbolos da astrologia na linguagem alquímica. Associam-se os planetas da astrologia com os elementos da seguinte forma:

Um livro alquímico do século XVII, que associa símbolos com os astros.
- O Sol com o ouro
- A Lua com a prata
- Mercúrio com mercúrio
- Vênus com o cobre
- Marte com o ferro
- Júpiter com estanho
- Saturno com chumbo
Os alquimistas também associavam animais com os elementos, por exemplo, normalmente, o unicórnio ou o veado é usado para representar o elemento terra, o peixe para representar a água, pássaros para o ar, e a salamandra o fogo. Também haviam símbolos para outras substâncias, por exemplo, o sal é normalmente representado por um leão verde. O corvo simboliza a fase de putrefação do processo alquímico, que assume uma cor negra. Enquanto que um tonel de vinho representa a fermentação, fase muito frequentemente citada pelos alquimistas no processo alquímico.
Segundo os alquimistas a matéria passaria por quatro estágios principais, que por vezes, também tem significado espiritual:
- Nigredo: ou Operação Negra, é o estágio em que a matéria é dissolvida e putrefacta (associada ao calor e ao fogo);
- Albedo: ou Operação Branca, é o estágio em que a substância é purificada (associada à ablução com Aquae Vitae, à luz da lua, feminina e à prata);
- Citrinitas: ou Operação Amarela, é o estágio em que se opera a transmutação dos metais, da prata em ouro, ou da luz da lua, passiva, em luz solar, activa;
- Rubedo: ou Operação Vermelha, é o estágio final, em que se produz a Pedra Filosofal - o culminar da obra ou do casamento alquímico.[1]
A palavra Alquimia vem do árabe, Al-Khemy, que quer dizer "a química". Sua origem perde-se no tempo, apenas sabemos que existiram alquimistas na China milenar, bem como na Índia. Mas para nós ocidentais, o berço da alquimia é o Egito. No começo da era Cristã, na cidade de Alexandria, foi que a alquimia tomou as feições que até hoje conseva. Denominada entre os adeptos como arte sagrada, ela resiste até nossos dias com pouca ou nenhuma modificação. A tão falada Pedra Filosofal, capaz de transformas chumbo em ouro, é apenas uma dasa respostas, e incompleta. Na verdade, a principal matéria a se transmutar é o próprio alquimista. À medida que se sucedem as etapas que conduzirão o adepto à Pedra Filosofal, o próprio é transformado em sua essência, atingindo um nível de consciência diferente dos demais humanos. Essa auto-transformação é que seria o verdadeiro "elixir da vida eterna", pois ao atingir tal estágio o adepto se liberta das exigências da carne. No último milênio da história humana, os alquimistas tem gozado de uma consideração toda especial por parte dos estudiosos do oculto. Nomes muito célebres tem sido citados como adeptos ou simpatizantes das teorias alquímicas. Parece ser da própria tradição da arte alquímica ocultarem-se os segredos através de artifícios de linguagem. Isso teve início na famosa Tábua de Esmeralda, de Hermes Trismegisto, considerado o primeiro alquímico da história. Para atingir seus objetivos, os alquimistas teriam à sua disposição dois caminhos: a Via Seca e a Via Úmida. Como o próprio nome indica, a Via Seca é um processo através do qual o alquimista realiza seu trabalho em pouco tempo, porém de modo arriscadíssimo. É importante deixar claro que esses métodos, sejam quais forem, são conhecidos apenas pelos adeptos da alquimia. Embroa o processo da Via Úmida seja tão desconhecido quanto o outro, sabe-se que envolve menso riscos, ocorrendo no máximo uma explosão em caso de fervura da Matéria Prima. Mas e essa Matéria Prima? O que é? O nome sugere que ela seja a base a partir da qual a Pedra Filosofal é obtida. Mas, por ser um segredo, sua natureza jamais é revelada. Alguns defendem que ela seja o "cinabre", um curioso mineral que combina enxofre e mercúrio (os dosi princípios opostos do hermetismo); para outros seria a "galena", o mineral magnético usado nos rádios antigos; para outros ainda a matéria prima seria o raro metal "stibina". Entretanto, a tradição alquímica alquímica diz que a matéria prima seria algo tão comum que "as crianças brincam com ela". Por trás de todos esses mistérios está a idéia fundamental da alquimia: a da transmutação do próprio alquimista. Ao passar por todos os processos que conduzem à Pedra Filosofal, o alquimista transmuta-se igualmente. É como se o processo de transmutação alcançasse e agisse sobre o próprio adepto. É voz corrente entre os alquimistas que é necessário ao sucesso do adepto um conjunto de qualidades morais, sem as quais, seria inútil tentar. Nunca é demais lembrarmos do que disse Eugene Canseliet, discípulo do famoso Fulcanelli, a respeito de seu mestre. Canseliet recorda que, quando conheceu Fulcanelli ele já era um homem de meia idade. Décadas depois, quando o reencontrou (numa época em que ele já deveria estar morto), Fulcanelli não aparentava mais que trinta anos. Além disso, seu aspecto era estranho, como se fundisse num único corpo atributos femininos e masculinos. Entre tantos segredos, desvios e símbolos, pouco podemos reter de concreto - o que sem dúvida, colabora para que esses misteriosos alquimistas permaneçam sendo dos mais fascinantes ramos ocultistas que conhecemos.

O significado da Alquimia pode assumir diversas conotações de acordo com o contexto em que é aplicada e da forma como é interpretada. A alquimia pode ser considerada uma modalidade de ciência, talvez a mais antiga da história da humanidade, que originou diversas outras, inclusive a química contemporânea. Porém, não é possível classificá-la apenas como uma ciência. Isto porque, na alquimia, inclui-se diversos elementos místicos, filosóficos e metafóricos; além de uma linguagem simbólica e interpretativa. Assim, podemos classificá-la genericamente como uma antiga tradição que combina química, física, arte e ocultismo.

Esta camada de incertezas relaciona-se também quando se discute a origem da palavra. Alquimia pode ser originada no vocábulo árabe kimia, que por sua vez, deriva-se da palavra egípcia keme, que significa terra negra e era uma das formas usadas para referir-se ao Egito, país onde provavelmente surgiu a alquimia. Ainda, pode-se considerar que a palavra tenha surgido da expressão árabe al khen que tem raiz grega na palavra elkimya e significa o país negro. Também cogita-se uma origem direta no grego, na palavra chyma que se relaciona à fundição de metais.
Os preceitos da alquimia se encontram condensados na misteriosa Tábua Esmeralda. A esmeralda era considerada a pedra preciosa mais bela e com uma simbologia maior.
Uma das características principais dos tratados alquímicos é a linguagem complexa e rebuscada na qual são redigidos. Durante a Idade Média, isto poderia ser um recurso usado pelos alquimistas para que não fossem alvo da perseguição da Santa Inquisição. Porém, também é possível que os autores tentassem ocultar as fórmulas, de modo que apenas outros alquimistas compreendessem.